Iphan aprova tombamento da antiga sede do Dops no Rio de Janeiro

A antiga sede do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), no centro do Rio de Janeiro, foi tombada nesta quarta-feira (26) pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A decisão considerou o valor arquitetônico do imóvel, de estilo eclético e inspiração francesa, assim como o fato de o edifício ter servido a práticas de repressão política e tortura, em diferentes momentos da história do país.

Notícias relacionadas:Depois de 10 anos, antiga sede do Dops no Rio caminha para tombamento.Com o tombamento, a expectativa de movimentos sociais e do Ministério Público Federal (MPF) é transformar o local em um memorial às vítimas.

O primeiro pedido de tombamento do Dops foi feito em 2001, pela Associação de Amigos do Museu da Polícia Civil, com a intenção de preservar o monumento arquitetônico. Mas a solicitação caminhou a passos lentos. Em 2025, acionado pelo MPF, o Iphan concluiu o processo, endossado também por organizações da sociedade civil. As entidades veem o prédio como símbolo da violência do Estado.

A decisão do Iphan ocorre um dia após a prisão de dois generais condenados por tentativa de golpe de Estado em 2023 e traz um impacto simbólico.

“Por cerca de 40 anos nós lutamos para que o Dops, no Rio de Janeiro, fosse transformado em um local de memória”, disse a ex-presa política Cecília Coimbra, uma das fundadoras do Grupo Tortura Nunca Mais.

Para ela, a medida “é um primeiro passo para uma política efetiva de memória”.

Durante os anos de repressão, uma série de ativistas políticos passaram pela instituição. Entre eles, Nise da Silveira, Abdias Nascimento e Olga Benário — enviada a campos de concentração nazistas na Alemanha —  na ditadura do governo de Getulio Vargas, entre 1937 e 1945, assim como Dulce Pandolfi, na ditadura civil-empresarial-militar, entre 1964 e 1985. Nesses períodos, de acordo com o Iphan, o local se transformou em um palco de prisões, interrogatórios e torturas que marcaram a história.

“Destacamos a Dulce, cujo relato da sua passagem pelo Dops está no dossiê, como forma de, em seu nome, homenagear outros historiadores que sofreram [com a ditadura], mas que dedicaram a vida a denunciar as violências que esse prédio testemunha e ajuda a contar”, disse o diretor do Iphan, Andrey Schlee. Ele apresentou o processo no conselho para o tombamento do bem.

O Dops é o primeiro bem reconhecido como lugar de memória traumática pelo Iphan. De acordo com o relator do processo, o historiador José Ricardo Or

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