O comunicado enviado pelo governo norte-americano oferecendo “qualquer apoio que se faça necessário” à Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro não é um procedimento adequado, ainda que os EUA sejam reincidentes em suas relações com níveis de governos subnacionais de outros países.
Professor Bruno Lima Rocha relembra situações semelhantes – Arquivo pessoal
Especialistas consultados pela Agência Brasil lembram que situação similar já ocorreu no país, no caso da Lava Jato, sob a justificativa de contraterrorismo e lavagem de dinheiro.
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“Incomum e inadequada”
Professor do Departamento de Estudos Latino-americanos da Universidade de Brasília (UnB), especialista em história latinoamericana, Raphael Lana Seabra classifica a forma como o governo Trump ofereceu ajuda ao Rio de Janeiro como “incomum e inadequada” por envolver questões relacionadas à soberania.
A carta enviada à Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro foi assinada pelo representante da Divisão Antidrogas dos EUA, James Sparks. Ela manifesta as condolências do governo norte-americano pela perda de quatro policiais durante a Operação Contenção nos complexos do Alemão e da Penha. A operação, entretanto, registrou 121 mortes.
Na sequência, colocou-se à disposição para “qualquer apoio que se faça necessário”.
“Isso não é algo que caiba ao governo dos Estados Unidos fazer. Afinal de contas, eles têm uma série de problemas com drogas também, com o narcotráfico e com grupos ilegais como a máfia. E ninguém faz isso quando acontece alguma coisa como essa nos EUA”, argumentou Seabra.
Guerra fria
Bruno Lima Rocha vai além e diz que o que o governo Trump fez não é muito diferente do que os EUA faziam no período da Guerra Fria, especialmente no Brasil, com a cooperação policial pan-americana, que deu, inclusive, o conceito da polícia militar moderna
