Clientes e acionistas da Sigma não comentam suspeitas sobre lítio ‘zero carbono’

CLIENTES E ACIONISTAS da mineradora Sigma Lithium, que atua no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, ignoram as suspeitas envolvendo os créditos de carbono adquiridos pela empresa, em 2023, para zerar as emissões de poluentes do seu processo de produção.

A mineradora de origem canadense embarcou naquele ano o primeiro carregamento de 15 mil toneladas de lítio extraído e processado no Brasil. O produto foi promovido como “quíntuplo zero”, pois eliminaria cinco impactos ambientais, dentre eles a emissão de gases de efeito estufa, que teria sido compensada por meio da compra de 59 mil créditos de carbono.

Porém, uma investigação da Polícia Federal sobre o mercado de carbono identificou uma organização criminosa que estaria cometendo diversos crimes em Lábrea, no sul do Amazonas, para geração dos títulos ambientais. Os créditos comprados pela Sigma vieram justamente desse esquema investigado na região Norte.

Créditos de carbono são certificados que representam a remoção de gases de efeito estufa da atmosfera. Eles podem ser gerados por projetos de preservação da vegetação nativa, como os realizados por populações tradicionais, e comprados por empresas para compensar as emissões de empreendimentos com potencial poluidor, como o da Sigma.

Entre os crimes investigados no Amazonas estão a grilagem de terras públicas, o desmatamento ilegal, a corrupção de servidores públicos, entre outros. A PF indiciou 31 pessoas, segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, e o Ministério Público Federal vai analisar as provas e decidir se apresenta a denúncia à Justiça.

Sobrevoo do Greenpeace área de desmatamento no município de Lábrea, Amazonas, em março de 2022 (Foto: Christian Braga/Greenpeace)

A Sigma não é alvo das investigações, somente o projeto gerador dos créditos, chamado Unitor REDD+, assim como um de seus responsáveis, Ricardo Stoppe Júnior, indiciado neste ano pela Polícia Federal (leia mais sobre a denúncia nesta reportagem). 

A mineradora, contudo, não se pronunciou publicamente sobre o assunto, mais de um ano após as suspeitas virem à tona. A empresa também não informou se adquiriu novos créditos para substituir os títulos suspeitos.

Os detalhes desta história foram revelados nesta quinta-feira (30) em reportagem conjunta entre a Repórter Brasil e o CLIP (Centro Latinoamericano de Investigación Periodística), no âmbito do projeto “Lítio em Conflito”, que reuniu dez veículos da América Latina para entender as controvérsias que cercam o

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