<![CDATA[Foi durante suas regatas pela bacia de La Rochelle, uma das cidades portuárias da Nova Aquitânia, a cerca de 470 quilômetros de Paris, na França, que o então velejador Arthur Léopold-Léger teve uma ideia que, de tão boa, parecia já existir — produzir aviões com os mesmos materiais usados para construir barcos. Na época, Léopold-Léger preparava-se para cruzar o Atlântico, competindo na famosa corrida Mini Transat — que sai da costa francesa em direção ao Caribe —, com um pequeno veleiro construído por ele mesmo a partir de lâminas inteiriças de carbono. Como são mais leves e não dependem da junção de muitas peças, tornam o barco mais suscetível aos ventos, mas sem perder a segurança e a resistência. “É quase como se voasse sobre a água”, afirma o velejador. Engenheiro aeroespacial, Léopold-Léger contou a ideia para um colega de formação, na Kingston University, em Londres, Inglaterra, Cyril Champenois. Então, com a ajuda de outro engenheiro, Nicolas Mahuet, eles juntaram aproximadamente 50 mil euros (cerca de R$ 320 mil) e enfurnaram-se na garagem da casa de Léger para materializar o projeto. Eram meados de 2015. Dois anos depois, o avião dos três — batizado de Elixir, com espaço para duas pessoas — voou sobre La Rochelle em um teste privado. Dali em diante, as coisas decolaram na mesma velocidade — a certificação da Agência Europeia para a Segurança da Aviação (Easa, na sigla em inglês) saiu em 2020, abrindo caminho para as primeiras encomendas, que hoje já chegam a centenas, quase todas da França, mas também da Inglaterra, de Portugal e dos Estados Unidos. A empresa, também chamada Elixir, tem uma lista de pedidos até 2029, engrossada pela recém-certificação para operar no país norte-americano, principal mercado de aviação comercial do mundo. O segredo do carbono O sucesso é explicado, sobretudo, pelo método de produção da fuselagem com carbono. “É intrigante ver como aviões não têm tantas inovações se comparados com outr