Embora frequentemente apontado como um dos principais emissores de gases de efeito estufa no país, o agronegócio também é um dos poucos setores com potencial concreto para capturar e remover carbono da atmosfera. Foi o que apontaram participantes de audiência pública realizada nesta quarta-feira (22) pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA). Eles afirmaram que o setor rural não deve ser visto apenas como um “vilão ambiental” e pode liderar a transição para uma economia de baixo carbono.
O encontro, uma iniciativa do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), reuniu representantes do setor produtivo, da comunidade científica e de cooperativas agroindustriais para discutir a regulamentação da lei que institui o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). A norma, que criou o mercado regulado de carbono no Brasil, foi sancionada em dezembro de 2024, mas ainda depende de regulamentação e a criação de um órgão gestor responsável. A previsão é que esse mercado funcione plenamente apenas em 2030.
O mercado de carbono permite que empresas e países compensem suas emissões por meio da compra de créditos vinculados a iniciativas de preservação ambiental ou remoção de carbono. Um dos principais mecanismos utilizados é o chamado sequestro de carbono, que ocorre quando o dióxido de carbono (CO₂) é retirado da atmosfera por processos naturais, como a fotossíntese, e armazenado no solo, em florestas ou nos oceanos.
Na agricultura, práticas como plantio direto, rotação de culturas, recuperação de pastagens degradadas e reflorestamento potencializam esse sequestro segundo especialistas que participaram da reunião.
A presidente da Associação Brasileira de Crédito de Carbono e Metano (Abcarbon), Rita Ferrão, afirmou que o agro é hoje um gerador natural de crédito de carbono.
— O agro não é o vilão, ele é a solução para o mercado de carbono. O que que gera crédito de carbono? Tudo que é verde e faz fotossíntese. Então, toda a área rural, ela sequestra carbono — destacou.
Ela defendeu que as boas práticas ambientais adotadas pelos produtores, como a preservação de matas ciliares e reservas legais, devem ser valorizadas e monetizadas por meio de políticas públicas e sistemas de certificação.
O diretor de tecnologia da Braspell Bioenergia, Afonso Bertucci, afirmou que a substituição das fontes fósseis de energia passa, necessariamente, pelo setor agroflorestal. Ele citou como exemplos o etanol e o hidrogênio verde.
— Nós temos que achar al