O conhecimento em matemática pode definir quem exerce poder na sociedade atual, avalia o matemático e diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Marcelo Viana. Ele explica que, no contexto da inteligência artificial e dos algoritmos cada vez mais presentes em situações cotidianas, a democratização do ensino de matemática é uma questão de justiça e cidadania.
“Antes, ela já estava em tudo, agora ela está também no modo como as nossas vidas são guiadas. Se você submete um pedido de crédito, a decisão provavelmente vai ser tomada por uma inteligência artificial, que é baseada em matemática. Se você não tem o conhecimento [em matemática], você está à mercê de quem utiliza esse conhecimento”, destaca Viana, em entrevista à Agência Brasil.
Notícias relacionadas:Governo institui o Compromisso Nacional Toda Matemática.Educação deve ser direito e não herança de classe, diz especialista.Olimpíada de Matemática premia quase 8.500 estudantes de todo o país.Uma das principais vozes da divulgação científica no país, Viana lançou o livro A Descoberta dos Números, na semana passada. O matemático conta que sempre gostou de falar sobre essa área do conhecimento e de promover sua popularização como forma de incentivo aos jovens, além de compartilhar o gosto que tem pelo assunto. “Não é só para produzir mais matemáticos, é para todo mundo gostar da matemática”, diz.
Confira os principais trechos da entrevista:
Agência Brasil: Qual é a importância da democratização e da popularização do ensino de matemática, não só para o aluno, mas para a sociedade?
Marcelo Viana: Em primeiro lugar, é uma questão de justiça, uma questão de cidadania. É um dos direitos fundamentais dos cidadãos o acesso à educação, em particular, a alfabetização. É um princípio pacífico em todas as sociedades modernas que todos nós temos direito a sermos alfabetizados, isso é uma condição necessária para exercer a cidadania. Não sou o primeiro a dizer, mas sou um defensor do princípio de que o acesso ao conhecimento matemático, digamos, a alfabetização matemática é igualmente um direito fundamental do cidadão.
Depois, nos nossos dias, século 21, a matemática está entrando na vida de cada um de nós de novos jeitos, e muito mais invasivos do que antes. Antes, ela já estava em tudo, agora ela está também no modo como as nossas vidas são guiadas. Se você submete um pedido de crédito, a decisão provavelmente vai ser tomada por uma inteligência artificial, que é baseada em matemática. Se
