MENOS de um mês após a Operação Rejeito da PF (Polícia Federal) revelar um esquema de corrupção no licenciamento ambiental de mineradoras em Minas Gerais, o governador Romeu Zema (Novo) nomeou Edson de Resende, promotor aposentado e dono de um escritório de advocacia com três empresas do setor de mineração como clientes, para presidir a Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente). O órgão é responsável por autorizar e fiscalizar barragens e atividades minerárias no estado.
Depois de se aposentar da carreira de promotor do MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) no ano passado, Resende fundou um escritório que leva seu nome, especializado em direito ambiental, eleitoral e gestão pública. Em seu site, a banca de advogados afirma atuar na mediação de conflitos e “soluções negociadas” com órgãos ambientais, MP e Judiciário.
Resende já foi contratado por três mineradoras. Uma delas é a Itaminas — a empresa o procurou em setembro para acompanhar uma reunião com promotores do MP sobre a Mina da Jangada, em Brumadinho (MG), no mesmo complexo minerário onde ocorreu o rompimento da barragem da Vale que deixou 272 vítimas, em janeiro de 2019. O empreendimento foi arrendado pela Vale à Itaminas.
Um inquérito em curso no MP analisa a legalidade da retomada das operações da Mina da Jangada, paralisada desde o desastre. Moradores de comunidades locais temem que uma eventual exploração comprometa o abastecimento de água da região.
Mina Córrego do Feijão, local onde aconteceu o rompimento da barragem de Brumadinho, em janeiro de 2019, com 272 mortos (Foto: Flavio Tavares/Repórter Brasil)
Promotor aposentado diz que foi contratado apenas para “acompanhar reunião” no MPMG
Em entrevista à Repórter Brasil, Resende nega ter advogado para a Itaminas. O promotor aposentado afirma que foi contratado apenas para acompanhar a diretoria da empresa na reunião com os promotores, em 24 de setembro, e que o acesso ao inquérito teria sido concedido durante o encontro.
“Me contrataram tendo em vista que eu fui promotor por 32 anos e queriam que eu acompanhasse a reunião. Durante a conversa, o inquérito foi mencionado e foi dado o acesso. Nem li o inquérito e ficou nisso”, afirmou. Questionado se prestou consultoria, respondeu: “Foi só um acompanhamento de uma reunião. Não fiz documento nenhum”.Resende diz não ver conflito de interesse entre a atuação como advogado e a nomeação para a presidência da Feam. “Conflito haveria se eu estivesse fazendo as duas coi
