PF investiga ataques armados contra povo pataxó do sul da Bahia

A Polícia Federal e a Polícia Civil da Bahia abriram inquérito para investigar os ataques reiterados aos pataxó da Terra Indígena (TI) Comexatibá (Cahy-Pequi), que fica no município de Prado, no distrito de Cumuruxatiba. Há suspeitas da participação de policiais militares do estado.

No final da tarde do dia 1º de outubro, lideranças pataxó estavam reunidas em uma atividade de vigilância comunitária em uma área da Aldeia Kaí, dentro do perímetro da TI. A área foi retomada no início de agosto e é caracterizada por uma sobreposição de dois pontos reivindicados por latifundiários: o Portal da Magia e o Portal da Fazenda Imbassuaba. Os líderes pataxó foram cercados por cerca de 50 pessoas munidas de fuzis e armas de calibre .12. Esse calibre é o de espingardas usadas em caça e tiro esportivo.

Notícias relacionadas:Operação Alerta Lilás da PRF prende 83 por violência contra mulher.Rio lança benefício para famílias em extrema vulnerabilidade social.Grupos reflexivos diminuem reincidência de violência contra mulheres.”A gente está em estado de atenção, porque essa pistolagem ainda está aqui, ao redor, nas fazendas circunvizinhas. Está, atualmente, muito difícil, pois a comunidade fica fechada por esses caras”, desabafou um representante pataxó à Agência Brasil.

Conforme relata o povo pataxó em carta pública, a terceira veiculada desde a retomada da retomada, o grupo criminoso os confinou na casa-sede da área, a Fazenda Pero Vaz, e abriu fogo. Um dos líderes foi atingido de raspão, na cabeça, e outro, à queima-roupa, na clavícula, o que provocou uma fratura. As paredes do alojamento ficaram repletas de buracos de bala.

“Foi por milagre que não houve vítimas fatais, se considerarmos a proximidade e a agressividade com que foram disparados. Era mesmo pra matar”, enfatizaram na carta. 

“Mesmo encapuzados, alguns dos agressores foram identificados por todos que indefesos estavam na linha de frente”. De acordo com os indígenas, a ofensiva feita por empresários da região interessados nas terras foi interrompida somente após a chegada da Força de Segurança Nacional de Segurança Pública.

Os indígenas contam que, ao chegar ao local do chamado, os agentes da Força Nacional abordaram um ônibus escolar com dezenas de integrantes do bando armados, incluindo adolescentes, que teriam sido em troca de dinheiro. 

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No extremo sul da Bahia, também ocorre, concomitantemente, outro processo de retomada dos pataxó, na TI Barra Vel

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